Na última semana, a capital gaúcha recebeu o Fórum de Interatividade e Comunicação (FIC 2016). Durante um dia inteiro, 20 palestras e painéis, divididos em três trilhas distintas (respectivamente Branded Content, Tech Marketing e Estratégias e Conteúdo Independente), trouxeram inúmeros apontamentos e tópicos relevantes que contextualizaram o que é e como está ocorrendo essa revolução de conteúdo.
Com temáticas diferentes acontecendo simultaneamente e influenciadores digitais de peso em cada uma delas, perder pontos de destaque, uma hora ou outra, acaba sendo extremamente normal. Inclusive, eu me perdi entre comentários e debates particulares sobre determinadas questões que estavam sendo expostas. Por isso, pensando em reunir e compartilhar (palavra-chave do encontro) as percepções de muitos que, como eu, fizeram parte desse evento, montei um overview FIC 2016!
Para quem presenciou o evento, este post é um compilado de informações relevantes para aplicação profissional, já para quem não foi é uma série de percepções e inspirações de agentes únicos do mercado de conteúdo. Não de todas, mas de algumas das atrações do FIC 2016 – Porto Alegre.
Mark Schaefer (Escritor)
Palestra: “The Content Code: igniting your brand in a noisy world”
Se você não conhece, Mark Schaefer é o escritor de um dos cinco blogs de marketing mais importantes do mundo e, entre tantas outras coisas, autor do livro que dá nome à sua palestra, o The Content Code. Ao longo de seu discurso, e em meio a inúmeros dados e pesquisas, Schaefer explicou que estamos prestes a receber, nos próximos anos, uma avalanche de conteúdo por todos os lados. Para ele a grande sacada é como as empresas vão montar sua estratégia de mercado, tendo ciência que as pessoas vão continuar a consumir, praticamente, a mesma quantia (afinal precisamos dormir, comer, trabalhar etc).
Em seu livro, e na própria palestra, ele explica que existem gatilhos que fazem a diferença. Um deles seria a humanização (sim, você leu certo). O fato das empresas venderem a marca, o produto sem pensar em dialogar com o usuários é o maior problema que enfrentamos atualmente. Schaefer é bem pragmático: não é só o conteúdo que importa, mas o fato das pessoas quererem compartilhar ele em suas redes. Quando alguém compartilha algo é como se essa pessoa levantasse no meio de uma multidão, com a mão para o alto, e afirmasse: hey, eu acredito nisso, leiam!
Eles são influenciadores de outros usuários, esse é que irão indicar para seus amigos e familiares a sua marca ou produtos quando eles precisarem, é o mesmo cliente que não vai esperar uma promoção para comprar de você. Ou seja, o engajamento é uma estratégia essencial. Abaixo, alguns dos pontos trazidos pelo Schaefer (minha mais nova referência dentro da área).
Crie uma marca heróica!
Crie uma marca heróica. #fic2016 @markwschaefer
— Pâmela Noschang (@PamelaNoschang) 5 de outubro de 2016
Seja mais humano!
“Nos Estados Unidos, hoje, as pessoas consomem em média 10 horas de conteúdo online por dia e a situação é muito similar no Brasil. Há três anos eram duas horas, esse crescimento se deve a mobilidade e a velocidade da internet. Mas qual é a próxima onda?”
O consumo de conteúdo dos últimos anos
O aumento no consumo de conteúdo dos últimos anos (de 1900 a 2015, em uma escala de 0 – 80 horas de consumo por semana).
70 por cento
70% das pessoas estão mais propensas a fazer uma compra baseada nas atualizações de mídia social de um amigo.
2% dos usuários geram 54% das interações
“2% dos usuários geram 54% das interações nas redes sociais gerando resultados para a marca” #FIC2016 #ChairôNoFIC2016
— Agência Chairô (@agenciachairo) 6 de outubro de 2016
2% dos usuários geram 54% das interações nas redes sociais gerando resultados para a marca.
Compartilhar
Você pode enganar as pessoas para clicarem, mas não pode enganá-las para compartilharem.
Os seis elementos do The Content Code
Quais são os seis elementos do The Content Code? Desenvolvimento de marca; audiência e influenciadores; distribuição, publicidade, promoção e SEO; autoridade; prova social e sinais sociais; e compartilhamento do conteúdo.
Ricardo Heidorn (co-Fundador da Seekr)
Palestra: “Marketing de Conteúdo a serviço do atendimento a cliente: conteúdo aprimorando a relação entre marcas e consumidores” – Trilha 2.
O Ricardo Heidorn é o empreendedor que fundou a Seeker, uma empresa de monitoramento e atendimento de marcas que é considerada referência nacional no setor. Infelizmente, essa palestra aconteceu meio dia e precisei fazer uma pausa para o almoço. Então, acabei não acompanhando – embora fosse um dos seminários que eu mais esperasse. Para a minha graça, e a sua (suponho), outros presentes compartilharam de informações valiosas trazidas pelo administrador.
É muito fácil ser brother do lead, o que ainda é diferencial competitivo é ser parceiro dos que já são clientes. @heidorn na #FIC2016 pic.twitter.com/0UPY7BFBlS
— Juliana Spitaliere (@spitalierej) 5 de outubro de 2016
É muito fácil ser brother do lead, o que ainda é diferencial competitivo é ser parceiro dos que já são clientes.
O processo para se organizar em atendimento 3.0, segundo ele, não pode ser automático: “Você precisa saber quem é o seu cliente e qual o histórico dele com a sua marca em diversos canais diferentes”.
Diego Fabris (sócio-Fundador do Destemperados)
Palestra: “Destemperados” – Trilha 3.
Como as palestras eram simultâneas, essa ocorreu ao mesmo tempo que a do Seeker, às 12h. Diego Fabris é sócio e editor de conteúdo da multiplataforma de experiências gastronômicas Destemperados. Seu discurso pretendia, justamente, falar dos valores e da posição adotada pela plataforma para disseminar conteúdo.
Os 10 mandamentos do Destemperados.
Relacionamento é mais barato que mídia.
Relacionamento é mais barato que mídia. – Palestra Destemperados #fic2016 #ficpoa
— Rafaela Valente (@valenterafaela) 5 de outubro de 2016
É necessário ter um posicionamento claro dentro das marcas. “Há coisas que não ficam velhas, como o branding, ou um guardião da marca, porque é muito fácil se perder”.
“Tem que deixar o público fazer parte do negócio, conhecer eles de verdade”.
Se conteúdo é maratona, então é assim que se faz um conteúdo eficaz, segundo Fabris.
Bruno Belardo (Diretor de Estratégia de Marca da BuzzFeed Brasil)
Palestra: “Os novos rumos da comunicação” – Trilha 1.
Com mais de 10 anos de mercado, Bruno Belardo trouxe bem a pegada de posição de mercado que o BuzzFeed tem. Essa conduta de fazer agora é melhor que esperar o perfeito para, só então, executar. Belardo reforça muito o discurso de Schaefer, que o engajamento é a chave estratégica para um conteúdo viralizar ou tomar força. Mas claro, tudo isso com o suporte de dados e análises.
Um exemplo bem claro de como é usada toda essa informação que conseguimos por meio de ferramentas de análise foi o episódio de estourar a melancia com elásticos. O que aconteceu: os dados apontaram que de todos os conteúdos que envolvessem como temática frutas aqueles que traziam melancia tinha maior aceitação e engajamento. A partir disso, tiveram a ideia de fazer algo diferente, mas que envolvesse a melancia. Pois bem, a ideia inusitada era estourar a melancia com elásticos de dinheiro em um live do Facebook. A iniciativa deu tão certo que conseguiu reter a atenção de mais de 900 mil pessoas que durante 45 minutos (e cerca de 680 elásticos) acompanharam a fruta estourar.
Para mim, esse é o grande truque: fazer da tecnologia sua aliada para inovar na percepção do usuário, levar até o consumidor não apenas conteúdos, mas experiências únicas que possam gerir conexão real e instantânea com quem lê. Eu me arriscaria a dizer que identificação é outra keyword importante e que sintetiza bem como o BuzzFeed leve para sua produção – e não podemos esquecer da assiduidade e persistência, porque para acertar é necessário errar muito também. 😉
Trajetória da lógica de conteúdo através das mídias digitais.
Não crie uma campanha.
Não crie uma campanha, crie conteúdo que as pessoas queiram compartilhar!
50 por cento
50% do conteúdo é a ideia, os outros 50% é pensar como irá ser compartilhado.
Feito é melhor que perfeito
Se o lema é FEITO É MELHOR QUE PERFEITO, o raciocínio tem que ser: criar e adaptar; distribuir; e impactar.
Ana Emília Cardoso (Jornalista) e Marcos Piangers (Comunicador)
Palestra: “Mamãe é Rock & Papai é Pop” – Trilha 1.
Com carreira bem conhecida aqui no Rio Grande do Sul, e que fez um boom com sua palestra no TED, o comunicador Marcos Piangers subiu ao palco, desta vez, com sua esposa jornalista Ana Emília Cardoso. Como optei pela palestra da outra trilha, não consegui acompanhar a ideia de condução da temática, mas aceito contribuições sobre o que ocorreu por lá para rechear esse tópico. Mas, deixo vocês com essa frase que sintetiza a forma de recepção da nova geração, essa que já nasceu conectada.
“A Aurora, minha filha, odeia interrupção publicitária. Cara, não podemos mais entregar publicidade sem conteúdo” @piangers no #FIC2016
— Todo Mundo RP (@todomundorp) 5 de outubro de 2016
“A Aurora, minha filha, odeia interrupção publicitária. Cara, não podemos mais entregar publicidade sem conteúdo”.
Victor Sorriso (Diretor de contas do Spotify Brasil)
Palestra: “A música não pode parar: o Spotify e a magia das playlists” – Trilha 3.
Com um nome (artístico, suponho) que pode caracterizá-lo muito bem, o diretor de contas do Spotify Victor Sorriso trouxe a evolução da música e a percepção dessa nova forma de consumo (mais “livre”), em que perdermos a necessidade de adquirir algo (reter o físico ou a licença) para apreciá-lo. Aliás, essa tendência é muito perceptível, e se você quiser uma ótima indicação a respeito do tema, um artigo bem bacana é o Peter Diamandis: por que o custo de vida irá cair nos próximos anos.
Além de contextualizar toda essa adaptação ao longo dos tempos, ainda mostrou que a maior aceitação de público e também estratégia adotada pelo Spotify foi compreender que o formato de conteúdo que o seu usuário procurava. As pessoas não escutam mais músicas como antes, quando o você adentrava uma biblioteca musical e só o que podia pensar era: quem eu quero ouvir hoje? Nós consumimos por momentos, nós queremos musicalizar nosso cotidiano, ter músicas que reflitam o que estamos sentindo – sempre fizemos isso, a diferença é que precisávamos pensar antes.
O Spotify entendeu que era essa a linha, permear as sensações das pessoas e, por meio de algoritmos, conseguiu trazer essa imersão que já faz parte do nosso dia a dia (ou pelo menos do meu e de todos aqui da agência). Interessante também como isso veio a calhar com o modelo de negócio da plataforma. Pensem, se tem uma playlist “Para Malhar”, por exemplo, que momento melhor que esse para fazer uma divulgação de tênis de esportes? Enfim, esse formato é bem redondinho para consumidores e anunciantes.
A evolução do consumo de música
Victor Sorriso, do Spotify, fala sobre a plataforma de streaming de música que — pouca gente sabe — já tem 10 anos de mercado #FIC2016 pic.twitter.com/SsPeGxkrQM
— leonardo pujol (@leonardopujolrs) 5 de outubro de 2016
“A evolução do consumo de música”: Victor Sorriso, do Spotify, fala sobre a plataforma de streaming de música que — pouca gente sabe — já tem 10 anos de mercado.
Daniel Conti (General Manager do grupo de mídia VICE)
Palestra: “A marca como publisher” – Trilha 1.
Com uma carga profissional que traz empresas como Publicis, TV Globo, Globosat, NET e estratégias de marketing para marcas como Nestlé, canal GNT, Cartoon, TNT, canal Fashion TV e CNN, Daniel Conti trouxe o insights muito interessantes sobre as marcas como publishers. Melhor que falar é ver, confere só o que passou pela trilha um às 16h…
Conti crítica a vulgarização do termo “branded content”. Diz que o conteúdo para marcas caminha para o branded publishing #FIC2016
— leonardo pujol (@leonardopujolrs) 5 de outubro de 2016
Conti critica a vulgarização do termo “branded content”. Diz que o conteúdo para marcas caminha para o branded publishing.
“A comunicação via marca passou a ser obrigatória atualmente”, afirma.
Pensamento de publisher
A lógica de pensamento de produção de conteúdo de um publisher é a intersecção entre a marca e o consumidor.
Pilares do pensamento de publisher
Quais os pilares do pensamento de publisher? Autenticidade (transparência e profundidade) e Storytelling (valor agregado e relação perene).
Alice Salazar (Blogueira)
Palestra: “Uma câmera, um espelho e uma história” – Trilha 3.
Alice Salazar é a referência de muitas blogueiras e, principalmente, quando o assunto é automaquiagem. Com muita graça e simpatia (e um casaco dourado muito bonito!), a blogueira contou um pouco da sua trajetória e deu algumas dicas para quem pretende, como ela, tornar-se uma influenciadora digital.
Quer trabalhar com influencers?
Então, #ficaadica da Alice: quer trabalhar com influencers? 1o. ouça-os sobre a audiência deles, depois crie a campanha. Boa dica! #FIC2016
— Todo Mundo RP (@todomundorp) 6 de outubro de 2016
Então, fica a dica da Alice: quer trabalhar com influencers? 1º Ouça-os sobre a audiência deles, depois crie a campanha!
A dica para quem deseja fazer sucesso como ela
A dica para quem deseja fazer sucesso como ela, que é uma das pioneiras no YouTube em vídeos de maquiagem, é direta: “não escondam os seus conhecimentos, passem adiante e se tornem referência”.
Mark Masters (Escritor)
Palestra: “The Content Revolution: where you are, where you’re heading, how you’re going to get there”.
Autor do livro que traz o mesmo nome do evento e que nomeia também sua apresentação (The Content Revolution) Mark Masters, relatou em seu discurso (e palestra de encerramento do FIC 2016) toda a questão da construção e transição do engajamento de conteúdo, esse novo cenário de negócios e consumidores que procuram mais que apenas referências, mas também anseiam uma relação de confiança e influência.
Para deixar você ainda mais por dentro do assunto, separei um entrevista recente (do início de outubro) do Masters sobre o livro dele, o The Content Revolution, com Heidi Cohen.
“Um aliado na criação é um aliado na promoção.” Última palestra do dia com @markiemasters no #FIC2016 😄
— Agência Chairô (@agenciachairo) 7 de outubro de 2016
“Um aliado na criação é um aliado na promoção”.
🐢 x 🐇 #FIC2016 pic.twitter.com/tcFLCcAr7s
— Henrique Pufal (@hpufal) 5 de outubro de 2016
“Não importa o quão lento, você vai, você não pode parar”
“A minha abordagem é como fazer as empresas tomarem o controle da sua própria abordagem de mídia”, destaca Masters.
Bem, para encerrar essa triagem de conhecimento disseminados nas redes ao longo do FIC 2016, alguns insights que podem fazer a diferença em seu trabalho e em você, como profissional na área de conteúdo.
26% do investimento em publicidade nos EUA vai para o mobile. A maior parte ainda vai para TV. #FIC2016
— David Carvalho (@jornalismodavid) 6 de outubro de 2016
26% do investimento em publicidade nos EUA vai para o mobile. A maior parte ainda vai para TV.
Segundo Fábio Coelho, do Google, o futuro será absolutamente impactado pela digitalização. Por isso é necessário se comprometer e ser proativo a partir de agora.
“77% dos consumidores brasileiros tiveram suas recentes decisões de compra influenciadas diretamente pelas redes sociais.” #FIC2016
— Agência Chairô (@agenciachairo) 6 de outubro de 2016
77% dos consumidores brasileiros tiveram suas recentes decisões de compra influenciadas diretamente pelas redes sociais.
Crie conteúdos que as pessoas queiram compartilhar #FIC2016
— Valéria Vettorazzi (@Lelavettorazzi) 5 de outubro de 2016
Crie conteúdos que as pessoas queiram compartilhar – foque nesse, é o mote desta edição. 😉
As estratégias de mkt devem ser voltadas para gerar confiança e não tráfego. #fic2016
— Valéria Vettorazzi (@Lelavettorazzi) 5 de outubro de 2016
As estratégias de mkt devem ser voltadas para gerar confiança e não tráfego.
“Geramos milhares de conteúdos por segundo, mas é o consumidor que têm a escolha daquilo que deseja consumir”, destacou André Alves, da RD.
“A marca se aproxima das pessoas, tornando-se mais simpática e com maior probabilidade de uma verdadeira conexão”, destaca André Zimmermann, da Netcos.
Por que os youtubers fazem tanto sucesso? Porque são comunicadores espontâneos, passam a mensagem de forma direta.
“No mercado de jogos a ideia vale pouco, mas a execução vale muito”, salienta o co-fundador e diretor de arte técnica na Aquiris Game Studio Amilton Diesel.
Criação é quando a gente segue a nossa intuição.
“Não vivemos um momento onde as coisas andam fáceis”, salientou Marcelo Pimenta, da Laboratorium, durante a apresentação da palestra “O kit de sobrevivência para a inovação em gestão de conteúdo”.
Segundo Felipe Chuquer, da Outbrain, 70% das pessoas preferem aprender sobre um produto através de conteúdo do que através dos meios tradicionais.
Quando as pessoas encontram um conteúdo (não enviado por outra pessoa), associam o conteúdo com eles mesmos.
O padrão de medida do sucesso na rede não é o volume.
Espero ter passado um pouco dessa experiência incrível que vivenciei no FIC 2016 – Porto Alegre e que recolhi de vários locais para disponibilizar tudo o que você precisa saber em um único lugar. Beijos de luz e até o próximo evento!
ps. Se você quiser compartilhar mais informações sobre o que aconteceu por lá, deixe nos comentários que depois incorporamos ao post!
2 Comentários
Parabéns pela compilação. Não pude ir ao evento, mas com esse material me senti um pouco lá 🙂 Sucesso!
Obrigada! 🙂